Como encaramos a mudança depois de "tropeçar" num problema de saúde?

10-07-2020

Alguém desse lado vive com dor física cronica ou tem alguém próximo que viva?
A dor física não se vê nem se mede, mas muitas caras e corpos aparentemente saudáveis vivem lado a lado com esta realidade...
Desde sempre dediquei parte da minha vida ao desporto, fui federada anos a fio, representei o meu País, destaquei-me em várias vertentes desportivas no contexto civil e militar e a minha maior ferramenta sempre foi o corpo! Nunca me passou pela mente que um dia ele me obrigasse a parar bruscamente.
Após a minha segunda gravidez e um parto tão duro que quase me fez passar para o outro lado, comecei a sentir uma dor dilacerante na omoplata que irradiava para o braço, que não me permitia estar de forma nenhuma, nem de pé, nem deitada, uma dor difícil de traduzir em palavras...coincidiu com o período de amamentação, com o período em que o meu pequenino mais precisava de mim, mas até para amamentar tinha que ser à pressa e com a ajuda do marido para o segurar...! Acabei por perceber que o problema passava pela cervical e que só seria ultrapassado com cirurgia...

Passados 4 meses (tempo que decidi aguentar com medicação para não privar o meu filho do leite materno) fui intervencionada, mas infelizmente o resultado ficou aquém das minhas expetativas...atrás do problema inicial vieram vários associados e com o passar do tempo percebi que tudo havia mudado.
Fiquei com um problema cronico cuja solução é como diz o ditado, seria pior a emenda que o soneto e desde há 3 anos que tenho aprendido a respeitar os tempos do meu corpo.
Todos os dias tenho dor, como se tivesse um torcicolo permanente, e há dias ( como o de hoje) que tenho tantas que tenho que recorrer a medicação e ficar em modo de piloto automático...
Ele já não vira totalmente para nenhum dos lados sem dor.
As minhas mãos, principalmente a de força, perderam sensibilidade, ao ponto de ter que fazer paragens quando assino o meu nome...Às vezes as minhas mãos ficam tão dormentes que parecem não fazer parte de mim...e há momentos que só deitar resolve...
No entanto a dor não se vê! Eu tenho aprendido a lidar com ela...já me vou habituando a contorna-la e a fazer-lhe frente...
Muitas vezes sorrio para ela para a intimidar, e até consigo!;) Todos os dias testo o meu corpo para estabelecer os meus limites e já sei quando o alarme vai soar...vou adaptando a minha condição à minha realidade e encontrando estratégias para me defender...tenho a vantagem de ser terapeuta, de perceber como funciona o corpo anatomicamente e de conhecer recursos de auto-tratamento, mas aplica-los em mim é difícil no sentido prático. Às vezes lá engano o marido e tento que me dê um jeitinho!;)
A minha partilha tem um único propósito, solidariedade! Não comigo, mas contigo que sofres em silêncio...contigo que te deixas afetar quando te julgam porque aparentas estar bem e que se calhar só estás a inventar um problema, contigo que ainda não consegues sorrir para intimidar a dor...contigo que te recusas a aceitar uma mudança na tua condição...
Todos nós temos as nossas dores...umas físicas, outras de alma, ou ambas...Em todas as condições há aspetos negativos e positivos...eu agarro-me sempre aos positivos ainda que por vezes uma nuvem se possa atrever a pairar sobre mim. Dizem que não há vidas perfeitas, mas há imperfeições carregadas de perfeição, tudo depende dos olhos que as veem.


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